sexta-feira, 2 de agosto de 2013

e assim, Danilo nasceu!


Hello, ocitocina, que prazer te ver, te ter!
Nessa nossa sina de fazer descer.

(Vem, Dan!)

Nessa nossa dança, abundância, pra que mais?

(Vem, Dan)

E enquanto não vinha  conversava com a cabeça em meio as minhas pernas:

- Que é isso, doutora, pra que?

- Ocitocina, pra ir mais rápido.

- Quero não, nem vem! Eu espero.

Esperamos por 40 semanas. Nem mais, nem menos. E assim, sem mais nem menos, quando muitos achavam que não nascia mais (meio cedo, não?), tudo começou! As ultrassonografias diziam que seria 23, mas minhas contas estavam certas com as de Dan, com as de Deus e bem no dia que eu completei 40 semanas, exatamente a meia noite, tudo começou.

Não sei bem quando e como, mas sentia umas cólicas fracas, dores na lombar e no cóccix! Parada não ficava! Se não dava pra caminhar ou exercitar,  trabalhava, faxinava...

A hora se aproximava, não dava mais pra negar. Me imaginava deitada, acordando em meio as dores e foi bem assim, só errei a hora, ao invés de cedinho de manhã, Danilo deu sinal as 15:30h de uma tarde de sábado. Tarde de sol!

Por falar em sol, aproveitei os últimos dias em que ele brilhava pra passear com Bê! Aquele medo de que alguma coisa nos separasse me tomava e eu chorando escondida, querendo ele sempre mais!

Não sabe o que é ansiedade quem não pariu. Não sabe o que é esperar! Todo mundo já esperou alguma coisa na vida, já ansiou muito um momento, mas esse momento é só surpresa e benção! É inexplicável, implanejável. E foi totalmente desejado.

O anseio de que chegasse logo parecia nos afastar. As perguntas das pessoas a minha volta, a preocupação (dos outros) com os mitos sobre o bebê "passar da hora" me afligiam numa escala de 0 a 10, digamos que 4. Chega um dia em que você pensa "vai demorar até o último dia possível, só pra implicar". Então busquei pessoas q inspiram e repeti pra mim mesma o que Rosário me dissera: "bebês nascem!". Eu não iria desistir, nem me apressar e dia 16 de julho me conectei com Deus e cantei pro meu filho: "estou esperando por ti, mas eu estou em paz".

E esperei. A ansiedade não passou, a agonia não foi embora do meu peito, aquele medinho de alguma coisa dar errado e a gente precisar de uma cesárea ainda estava ali, e era o único medo que eu tinha.

Busquei essa conexão entre eu, Deus, Thiago, Benício e Danilo mais que tudo nas últimas semanas e me sentia plena, mesmo em meio aos sentimentos de desespero que iam e vinham! Eu tive certeza do controle de Deus sobre tudo e de que parte desse controle  Ele entregara em minhas mãos!

26/07/2013 - me exercitei na bola de pilates, recebi massagens de Thiago, Tomei chá de canela, assistimos seriados e fomos deitar. A meia noite começou uma leve cólica. Constante, suave, algo incômodo, mas que ia me levando naquele pensamento meio incerto "será que é agora?".

Dormi mal, acordei tranquila. Levantei, comi e como a dor sumira fui limpar a casa, bem limpinha.

Almoçamos. Pimenta, muita pimenta!

Tomei um banho e a dorzinha tava lá de novo. Poucas pessoas avisadas, afinal podia ser tudo, podia ser nada.

Deitei e quando menos esperava despertei com um aviso do meu ventre: É agora! A dor vinha e sumia por completo. Benício dormia e Thiago e eu começamos a anotar a hora em que eu sentia a contração. Eu nem sabia se aquilo era uma contração, até hoje não sei dizer se minha barriga contraía de fato, mas disseram que sim. Só sei que doía e sumia, doía e sumia.

(Vem, Dan!)

5 min.

(Vem, Dan!)

5 min.

(Vem, Dan)

5 min.

Como assim tão rápido?

(Vem, Dan)

Quero dormir!

(Vem, Dan)

Vou pra bola!

(Vem, Dan)

Não conseguia fazer nada. A dor, totalmente suportável, me fazia rir,como imaginei. Fiquei eufórica. Thiago colocou vídeos de comédia, mas as crises de riso não vieram, nem o choro. Eu só ficava ali, de quatro, cabeça deitada na bola!

(Vem, Dan)

E a mala? Retiro o que eu disse sobre "dá tempo" de arrumar a mala! Foi tudo tão intenso que eu não conseguia pensar, só sentir, e não estou falando da dor, mas de algo que me tomava.

Fui encontrar com Lari, minha doula e Lia. Elas estavam num curso de doulas, quer lugar melhor pra  ir numa hora dessas?

No carro era terrível, não podia entregar meu corpo ao que desse na telha fazer. Tinha que estar lá sentada.

Que bom chegar ali e ver pessoas que me enchiam de força pra fazer o que eu estava prestes a fazer. Que bom sentir Lia ouvir o coração de meu filho com seu ouvido sobre minha barriga. Que bom abraçar Ana Amélia por um segundo e correr antes que a contração me pegasse de pé!

Em casa, com Lari, me senti segura! Alimentada pela sopinha de mainha e rodeada de amor! Filho, marido, irmã, tia, amigos. Muito amor! Cada um que estava ali, mesmo quem não esperava estar e quem eu não esperava que estivesse tornou tudo mais belo.

Não cantei como planejei, só mentalmente, mas o mais interessado na cantoria é onisciente e com certeza recebeu meu louvor:

"Ele é o Senhor, sua verdade vai sempre reinar. Terra e céus glorificam seu santo nome. Ele exaltado o Rei exaltado no céu!"

Não passei horas no banho quente, como jurava que seria, mas os minutos que passei lá com Lari ou com Thiago foram muito bons! E depois do banho decidi ir pra maternidade.

No carro não doeu tanto quanto pensei. O segredo foi concentração, até atendi o telefone em meio a uma contração.

Cheguei na maternidade, agachei na recepção, fui direto pra triagem:

"Doutor, tenho uma cesárea, quero normal".

Exame de toque, não doeu como descrevem, foi só concentrar mais uma vez...

Surpresa, nove centímetros de dilatação! Vamos estourar a bolsa e parir!!! Senti a emoção na voz da doula, da amiga e irmã:

"Acredito não amiga, viemos na hora certa"

Momento "Eva porque pecastes?" , quando a dor apertou e a sala mais fria parecia uma fornalha...
A essa altura minha cunhada Amanda já estava lá e pude ficar no pré-parto com ela e Lari por um tempo. Não conseguia mais andar, nem sentar. Não sabia quanto ia demorar e me preocupava de não saber que tinha chegado a hora! Larissa me tranquilizava e dizia que eu saberia, e de repente, depois de estourar a bolsa, eu soube: " É agora, amiga, vai nascer"!

Partimos para a sala de parto, Doula, cunhada, mãe! Que apoio, que amor! Que alegria...tá chegando a hora!

(Vem, Dan)

A cunhada viu que Danilo já estava pertinho e foi chamar a médica e eu "essa médica vem só pra me aperrear!"

Eu deitada, totalmente consciente do que estava fazendo ali! Minha partolândia é diferente do que descrevem. Sabia para o que tinha vindo e nada me tirava do foco, nada me faria perder a consciência! tinha que ser do meu jeito!

Falava entre as contrações, mesmo na hora de fazer força. recusei procedimentos médicos desnecessários (Ocitocina nada!), fiz perguntas e mandei todo mundo calar a boca: "Tô falando só pra avisar, tô com vontade de fazer cocô e sei que é normal, não precisa vocês ficarem dizendo". Não perdi nada, vi tudo, entendi tudo, senti tudo e de repente, 22:20h, a cabeça saiu!

Alívio, alegria!!! todo mundo se derretendo, vibrando! consegui! Mas essa palavra "consegui" não passou pela minha cabeça nenhuma vez aquele dia, pois na hora que começou, todo medo que eu tinha de parar numa sala de cirurgia se foi. Sério, eu nem lembrava que cesárea existia. Na primeira dor eu sabia que ia parir!

Danilo veio pros meus braços, meladinho de sangue e o beijei. Tanto amor que quando perguntei pela placenta ela já tinha saído e eu nem senti! Coloquei Danilo pra mamar e nada!

"tudo bem meu filho, não quer, não mama!"

Minhas palavras logo após parir?

"Não doeu como dizem que dói"

"quem vai descongelar a geladeira"

"tem roupa na máquina de lavar"

Tudo isso nunca vou esquecer, certeza! Foi a coisa mais intensa que já vivi! maravilhoso! Dói sim, mas passa! E, juro, já sinto saudade daquilo tudo, vontade de voltar e me entregar ainda mais!

Me senti um pouco decepcionada com os pontos que precisei levar (principalmente porque talvez pudesse ter evitado), mas quando penso em tudo, esqueço deles e olha que ainda dói um pouco!

Agradeço a todo mundo que me amou naquele dia, que me olhou com piedade na hora das contrações, que quis ver tudo, que orou!

Agradeço pelas mãos de Larissa, firmes e competentes, minha irmã! Pelas mãos de mainha que cozinharam minha sopinha de legumes deliciosa e que estavam quentinhas pra me massagear! Pelas mãos de Thiago, seu cafuné! Pelas mãos de Amanda que cortaram o cordão umbilical do sobrinho!

Obrigada, Zito, como um pai, me conduziu até o hospital! Mildinho, meu contato com minha doula linda ou doulo se preferir! kkkkkkkkk...Clara e Rammom, por cuidarem do meu Ben, meu homem aranha! Thyaguinho e Amanda pela presença e preocupação. Del e Sarinha pelo pulo que deram aqui o que me alegrou tanto. Bequinha, por emprestar a mamãe e encantar o momento com seu sorriso doce! Tia Nina com seu alvoroço me fazendo rir!

Obrigada, Jesus, meu Deus,por fazer com que fosse tão divertido, leve e maravilhoso como foi, me elevar pra mais perto de Ti e me abençoar sempre mais!

Laís Dias

2 comentários:

  1. Eu lembro mto bem desse dia, lembro de chegar na tua casa e ver você limpando o chão, falando que tinha comido pimenta e td mais. Descrito com louvor! Parabéns Laís pelo exemplo de mulher, convicta do que queria e forte para por em prática! Está chegando a nossa vez, estamos com esse mim de sentimentos também, mas com fé em Deus, vai dar tudo certo!

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  2. Eu lembro mto bem desse dia, lembro de chegar na tua casa e ver você limpando o chão, falando que tinha comido pimenta e td mais. Descrito com louvor! Parabéns Laís pelo exemplo de mulher, convicta do que queria e forte para por em prática! Está chegando a nossa vez, estamos com esse mim de sentimentos também, mas com fé em Deus, vai dar tudo certo!

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